Efuturo: SOU...

SOU...

Sou a própria inquietude da alma...
Sou a amargura escancarada
de quem não me reconhece mais...
Sou a própria noção de sentir
que não pertenço mais em tua vida...
Sou a verdade
que transparece numa mentira pra você...
Sou aquilo que tu determina
e define como uma coisa irreal...
Sou a realidade lúcida
em busca da loucura desse sentimento...
Sou a verdade que tu insiste
em não enxergar, reconhecer ou valorizar...
Sou o amor aclamado, declamado,
falado, exaltado, sonhado e esperado,
mas que não encontra mais sentido
em expor ou exaltar isso a você...
Sou a postura de quem já não
consegue ver qualquer brilho
no teu olhar para mim...
Sou aquela memória
que não cabe mais no teu relicário...
Sou a lembrança relegada
ao esquecimento da tua ingratidão...
Sou a página virada, apagada, rasgada
da face oculta de tua indiferença....
Sou a palavra escrita e não lida
pela cegueira de teu momento...
Sou a poesia emocionada
E não encontrada
nos escombros de minha solidão...
Sou aquela voz que não encontrou
eco na surdez de teu desencanto...
Sou o silêncio de tua negação
e a desistência de teu querer,
com tuas vazias declaracoes a mim...
Sou aquele que fala
sem ter ninguém a me ouvir...
Sou um tormento ambulante buscando
equilíbrio para me reconstruir...
Sou o desvario de minha razão...
Sou um fantasma em agonia
em busca da paz de seu espírito...
Sou a lucidez de minha demência...
na loucura premente de meu bem querer
Sou apenas um fragmento ínfimo
de um sentimento
destruído por um orgulho cego!
Sou aquele quadro
agora já sem meu retrato
esquecido num canto
qualquer de tua vida...
Sou a esperança maltratada
e chicoteada pelo açoite diário
da indiferença do teu agir e pensar!!!