Efuturo: CARNAVAL DA TERÇA

CARNAVAL DA TERÇA

Não sei se só sei contar
Ou se conto que não sei
Se sei contar eu já vou
Contar tudo que contei
O frevo da Terça-Feira
Não zombe que já brinquei.

O cordel é instrumento
Sabe bem valorizar
Esse trem que está passando
Tanta gente vai ficar
Pois brinque e cante folia
Que eu também vou publicar.

Dancei muito na vida
No carnaval foi melhor
O danado só se acaba
O povo fica pior
Por favor não vá embora
Cante no nascer do sol.

O mês é todo de festa
Isto é algo normal
Aqui só vai ter folia
Viva nosso carnaval
Você pegou a sua máscara
Da filha do Juvenal?

No sábado foi desfile
Ela pode bem ganhar
Com certeza minha gente
Vamos todos esperar
Ela tem a grande história
A comissão quer falar.

No domingo tinha ala ursa
Eu lembro da minha infância
O urso por toda cidade
Oh! Que tamanha ignorância
Pois eu achava que aquele urso
Queria minha substância.

Eu corria quando ouvia
O grito da meninada
Aquele urso ali chegando
E eu não via era mais nada
Eu debaixo de uma cama
O coração em disparada.

Na segunda o frevo vinha
Esse índio me animava
Sentia dentro da tribo
Dela eu muito gostava
As danças e todas flechas
Todo mundo ali brincava.

Na Terça de Carnaval.
Tanta gente na cidade
Último dia de festa
Que já deixa uma saudade
O bloco da minha infância
As luzes da mocidade.

Na quarta-feira de cinzas
O amor ficou para trás
Chora tudo que for gente
O povo só quer a paz
Esse tempo é bem curto
Quatro é pouco demais.

Eu nasci no carnaval
Num domingo de folia
Muita gente cantando
A minha mãe na agonia
Da janela tanto frevo
Era muita alegria.

Começava o carnaval
E não pode terminar
Deus sempre é testemunha
Para esse povo brincar
Sacodindo toda poeira
Só faz para se alegrar.

Na Terça de Carnaval
É que tudo ali acontece
Folião muito triste
Quando esse dia amanhece
Pois ao se levantar
Esse frevo se oferece.

Temos tanto o que fazer
Nesta Terça de folia
De todos o carnaval
Seu João, Dona Maria
Arregace suas mangas
Liberta dessa euforia.

Chegou esse frevo da Terça
Recheada dessa festa
Mostrando toda estandarte
Pois até hoje ainda presta
O baile nasceu no baile
Numa noite de seresta.

Oh! Que carnaval tão bom
Uma flor bela se abrindo
Nesse bom baile de máscara
No samba que vem surgindo
É Terça de carnaval
Vem logo que estou sorrindo.

No clube que fica ali
Debaixo duma jaqueira
O frevo corre nas veias
Desta terra brasileira
Dançando os jovens e os velhos
Foi beijo na dianteira.

Menina de saia roxa
Me convidou pra dançar
No frevo daquele dia
Pensei logo em aprontar
Ela foi dá uma saída
Agora pensa voltar.

Os brincantes nessa esquina
Sambando de arrepiar
O fole de Seu Trindade
Botava para quebrar
A Terça-Feira era santa
Não dava para esperar.

O carro de som passava
Com a sua agitação
Moças levantam as saias
É aquela mangação
Esse estandarte brilhava
Num altar da Conceição.

Terça é dia que vem
Mas, logo depois se vai
Nunca espera que esse povo
Que levanta e nunca cai
Nesse português, adeus!
No estrangeiro é bye, bye!

Quarta feira está chegando
E o povo está na folia
Pulando e também dançando
Contagia a maioria
Chora José e João
Joana, Pedro e Maria.

Sentado sou majestade
Eu brinco e penso na vida
Meu corpo cansado sofre
Melhor é a despedida
Pego o copo, me retiro
Terça Feira, a minha vida.

O tempo não passa agora
Depois é que passa o vento
Modificando as orquídeas
À procura de um rebento
É essa vida meu caro
Um viver de sofrimento.

Oh! Minha Terça querida
Atenda aquela senhora
Deixe o folião brincar
Nunca queira dar o fora
Fique bem minha nobreza
Por favor não vá embora.

O carnaval brasileiro
É rico em todo sentido
Brinca preto com o branco
O pobre e rico metido
Só não se diverte aqui
Quem não for extrovertido.

Na Terça-Feira serei
Desta terra a majestade
Cantando feito Capiba
Alegria da cidade
O frevo dar na canela
Pra depois sentir saudade.

Protetor dos carnavais
Me mostra esse calendário
Se esconda de quem não sai
Se apresente mandatário
Cante cantiga de frevo
E nunca mais fale otário.

Pernambuco e Paraíba
O Nordeste tanto te ama
O Estado de Gonzagão
No forró ele te chama
Paraíba do Pandeiro
Pois, junto tudo se emana.

Bahia do trio elétrico
Do Caetano e do Gil
O frevo tomando conta
Terça Feira do Brasil
Capiba com Vassourinhas
Acendem esse pavio.

Minha Terça-Feira boa
Eu quero é sambar ainda
Na sanfona, nesse sax
Nessa ladeira de Olinda
E que não se acabe o dia
Dessa cidade tão linda.

Preciso logo ir embora
O Cordel já se findou
A festa que era tão doce
Num instante terminou
O carnaval tem todo ano
Viva o frevo que passou.
FIM
João Pessoa-PB, 04 de março de 2003.