MOMENTOS DE TURBULÊNCIA
Indagar a memória permanentemente nos leva a disputar o presente e, por vezes, ignorar o passado, o que pode nos induzir traumas psicológicos. Uma coisa é recordar, outra é ser obrigada a lembrar das turbulências da vida.
Não somos joguetes no esplendor dos acontecimentos, mas, seres que disputam para descobrir quem foram e são. No livro de Rubem Fonseca, O Selvagem da Ópera, biografia de Carlos Gomes, o autor descreve alguns pontos obscuros da vida do famoso maestro e compositor: primeiro, a origem do compositor; segundo, a morte de sua mãe, esfaqueada quando Carlos Gomes era criança; terceiro, seu relacionamento de Carlos Gomes com as mulheres e, quarto, o desejo de sucesso e a ambição para enriquecer.
Momentos de turbulência é o presente, onde sofremos interferências da hipocrisia pelo comportamento no jogo político, como criação de figuras e valores distorcidos de ética, técnicas e justiça, sem contar a curta memória do brasileiro. Relembro, para recuperar o fôlego, o trabalho de Mário de Andrade, com sua emblemática obra, com a arte de Macunaíma.
A questão do presente é que não nos lembramos de tamanhos desafios absurdos e fracassos, como continuidade, mas, como pesadelo. Vivemos onde tudo é permitido, reinventado para matar, reprogramado a não discutir: momentos de turbulência onde a expectativa e a perspectiva transforma o nosso futuro em sombras, sem fôlego para a recuperação da memória. Como Hannah Arendt, em Origens do Totalitarismo, em que descreve o mal do poder absoluto.