Efuturo: O JOGO do DESEJO

O JOGO do DESEJO

O jogo do desejo está em nós como causa ou efeito? O fato é que toda a causa tem efeitos positivos e negativos. Todo efeito tem implicações em valores e preconceitos. Jorge Tufic questiona, “Quantos sinônimos / traduzem a paisagem?”
Quando a premissa é causa do desejo, deduzimos ser possível modificar o efeito; inventamos os próprios interesses e especulamos influências para determinar o efeito na descoberta e elevar a liberdade como determinação. Num modo individualista demonstramos nossa vontade a ser mantida como verdade. Assim em Jorge Tufic, “Perdoem se / nada traduzo / nem deixo gravado. / Pois tudo me agarra / e me puxa / evitando esse abismo. // Então me distraio / diante de algumas sobras / que inflam a quietude dos zéfiros, / detonam / meus sapatos de areia”.
Ao desejarmos demais, podemos confundir e transformar a verdade em promessa, tornando o jogo do desejo em mera ilusão impulsionada pela essência, onde a vontade se torna mais do que a questão de desejar, mas, até mesmo, de ideologia. O que queremos é autêntico, logo, a autenticidade é medida pela nossa escolha, para transformarmos o círculo vicioso em virtuoso. Jorge Tufic retrata, “Nada tenho de épico / nem de lírico, / A peça que / me coube levar / é o drama de todos. / Em preto e branco”.
O jogo do desejo é a necessidade de cada um, em seus interesses diferenciados; o que satisfaz quando nos esforçamos através das atitudes de que “amanhã será tudo diferente”. Esta perspectiva nos propõe alternativas para lembrar a dimensão da responsabilidade, da imaginação e do gesto com o objetivo de distinguirmos o certo do errado. Nas palavras de Tufic, “Amanheço furtado em / meus sentidos. / Ou será que há pássaros de menos / árvores de menos... // Me orienta a rota das / formigas, / que vão cortando folhas / onde tudo já / estava escrito”.
As possibilidades em manipularmos desejos em potencialidades são inúmeras e, ao concretizá-las, criamos novos desejos e seguimos na esperança de fazer a diferença entre os dias, aquietar as nossas mentes ao alcançar o desejado; o que nos torna reféns em nós mesmos que, por acaso, em jogos sentimentais e essenciais para o nosso cotidiano. Encontro em Leonardo Munk, A Instrumentalização do Desejo, como reflexão nas artes.
No desejar, guardadas as devidas proporções, jogamos com interesses, prazeres e intenções, enquanto razões principais que nos permitem buscar o respeito, o amor e a arte; contudo, precisamos compartilhar nossos desejos para, na determinação dos períodos de nossa vida, propor-nos a utilizar os sentidos para a realização.