Efuturo: JOGADAS de SOBREVIVÊNCIA

JOGADAS de SOBREVIVÊNCIA

“Perto do ouvido / sussurrar verdades / imitar o ouvinte / mentir verdades // na vida a revisão das jogadas ingênuas / de sobrevivência: ao ouvido / o discurso o desacerto / não permitindo a esperança” (Pedro Du Bois)

O título não deixa dúvidas; sobre quando vivenciamos jogadas de sobrevivência como descobertas para verificarmos os diferentes significados da verdade, conforme as ambições profissionais. Pedro Du Bois, no seu poema à epígrafe, mostra um dos efeitos colaterais: a desesperança em uma vida sem mentiras.
Quando presenciamos tais “desacertos” ocorre verdadeira sensação de mal estar. A mente começa agir e as respostas nos empurram para as jogadas da sobrevivência. São reações fortes que, às vezes, se dão de maneira inversa: agimos antes de pensar. Frei Beto declara que “os valores têm que ser construídos na temporalidade”.
Com o tempo, aprendemos a raciocinar para acumular vivências, para permanecer nas jogadas diárias e, assim, gerarmos expectativas de uma vida em busca de diferentes matizes: “aprendemos que o coração quebrado tem concerto”, mas a realidade da vida é poderosa e perturbadora; então, devemos deixar de ser ingênuos sobre os significados e as intenções emitidas. Como diz Elimar P. do Nascimento, “Utopia de fé. Em que poucos ainda acreditam, embora muitos sintam necessidade de acreditar”.
Nem por isso deixamos de perceber que os tempos são outros. A convivência diária com os “noticiários” gera dúvidas. Precisamos da certeza para decidir o futuro. Também, sei que não adianta fazer dramalhão de miudezas, nem abandonar a nossa intensidade em sermos pertinentes para com os assuntos. Estarmos frente à vida defendendo a nossa posição de cidadãos é sermos convictos com nós mesmos.
Jogadas de sobrevivência mostram a raiz da distorção, que reside no fato de revelar a mentira como verdade que, além do mais, acabam sendo extrapoladas nas demonstrações de poder.
Para nos manter nas jogadas devemos ter comportamento reconhecido pela nossa responsabilidade e senso de justiça, para podermos inovar através do saber; tipo de relação que nos torna mais humanizados para, quem sabe, podermos chegar à igualdade de condições, através da democratização social, sem a necessidade de jogadas de sobrevivência.