Lígia Fagundes Telles argumenta, “O mistério é inexplicável. Sortilégio? Magia?”; Rimbaud responde, “Vós nada compreendeis e eu nada poderei explicar-vos!”
Mistério maior é saber como surgem as ideias? Penso que algumas surgem da nossa visão sobre fatos e objetos, outras das imagens e palavras. Segundo Lígia Telles, “a memória devolve a frase intacta e ela se multipica como o milagre dos pães”.
Mistério mesmo é a criação literária! Por exemplo, o livro de Lígia, Mistérios, de 1981: contos que oscilam entre o real e o imaginário, como verdadeiro desafio ao leitor.
Criar é importante; imaginar é importante. Sonhar é dar à vida a cura de qualquer dor, pois, ajuda a me iludir na realidade. Quando imagino, saio do prumo para não me sentir isolada no rumo. Mergulho sem medo no mistério, para conquistar e revelar as palavras e, neste movimento, espalho segredos em gritos de emoção, tal em Cândido F. Ferreira, “... transformar este mundo em um mundo melhor, / Não é ser um sonhador, / Mas, sim, possuir um sentimento pleno de humanidade”.
Mistério é acreditar no ideal e lutar pelo outro; é amar e ser amada no amanhecer sem sol e encontrar a alegria no dia chuvoso.