JOGO DE CORES (II)
Após mergulhar o pincel na tinta, posso pintar palavras e as intercalar seguidamente em traços de vida, como caminho para revelar as “aquarelas” dos compositores, como na Aquarela, de Toquinho: ”Numa folha qualquer / Eu desenho um sol amarelo / E com cinco ou seis retas / É fácil fazer um castelo...” Esta canção me sincroniza com o tempo, consumando na memória o encontrar palavras que se enquadram no jogo das cores como forma de expressão do coração.
Por associação, construo minha lembrança em que as cores fazem parte da vida e me oferecem alternativas para eu pintar o tempo. Cada coisa ao seu tempo; então, escuto Aquarela Brasileira, de Martinho da Vila: “Vejam essa maravilha de cenário: //... Brasil, essas nossas verdes matas, / cachoeiras e cascatas do colorido sutil / E este lindo céu azul de anil / Emoldura em aquarela o meu Brasil”; tenho em mim visível entusiasmo, pois, vivo neste País entre cores que representam gestos que simbolizam a minha alma e a alegria, que me permitem participar do jogo de cores.
Quero ser feliz e, para conseguir, preciso ouvir o meu tempo através das canções em que busco equilibrar a minha história, especialmente, se as tenho na lembrança sob a influência dos compositores, como Ary Barroso com a sua Aquarela do Brasil, “... Ah! Ouvem essas fontes murmurantes / Aonde em mato a minha sede / E aonde a lua vem brincar / Ah, este Brasil / lindo e trigueiro / É o meu Brasil, brasileiro...”.
Aquarelas são letras que provocam aproximação entre os fatos, que me trazem alusões nas relações afetivas e no imaginar tempos sem limites. Lembro-me dessas composições para dar sentido à minha interpretação, como sentimento que expresse o viver do meu ideal, no diferenciar a originalidade para atender a uma só finalidade: “... a tela do Brasil em forma de aquarela...”