Efuturo: Carta ao Leitor XVII  (T861)

Carta ao Leitor XVII (T861)

Sabe, caro leitor, fico aqui pensando, eu sou um cara comedido em minhas ações, nunca fui de cometer loucuras, fui sempre de aceitar as coisas, como se abaixasse a cabeça e aceitasse tudo, nunca tomei a frente de nada, sempre me deixei magoar e lá estava eu a perdoar. Acho que na verdade, leitor, eu sempre tive medo de magoar as pessoas, dó que ficassem ofendidas, mas nunca pensei o quanto fui magoado e o quanto me deixei ser ofendido, sem retrucar, não sei direito dizer o porquê disso tudo.
Agora conheço uma vida totalmente diferente se abrindo à minha frente, não digo que aceito minha atual condição, mas já me conformo com ela, e é bem como dizem por aí, Deus não fecha as portas para nós, ele abre novas oportunidades, onde temos que estar atentos ao que está vindo.
É meu amigo e ouvinte, o que falta para as pessoas é se amarem, mas primeiro se ame, foi o que mais escutei depois desta separação, deixa o universo se encarregar das coisas que estão por vir, e agora sinto esta necessidade de viver, pois me sentia estagnado numa relação que só tinha rancor e mágoas, e agora se tiver que fazer uma loucura por amor nem que seja para sentí-lo por um momento eu o farei, acreditarei sempre que é assim que se abrem as oportunidades de Deus.
Claro que as feridas elas nunca cicatrizam, mas são curáveis, elas diminuem de dor abrandando o sofrimento, aí você sabe que está pronto para aceitar e seguir em frente, e quando se prepara a entrada de um novo amor é melhor ainda, sei, caro leitor, que perguntará, não tem medo que aconteça de novo? E eu posso responder, que o medo sempre vai existir, mas aquela ferida que não cicatrizou não vai ser a mesma e nem vai aumentar, pois há nisso um aprendizado, um motivo para tudo, e estarmos abertos para novas lições não fará mal a nós de maneira nenhuma, só aumentará o nosso currículo da vida, pois fomos feitos para a felicidade e sem sabermos embutimos em nossa caminhada a ferida do sofrimento, a dor daquele que nunca quer perder, que acha que as coisas tem que ser eternas, que todos têm que ser moldados ao nosso modo, que podemos falar o que quisermos mas não queremos ouvir o que nos dizem, queremos ser perdoados mas dificilmente temos a humildade de perdoar, o homem no seu egoísmo esquece que a felicidade verdadeira é ele que faz, e que se a personalidade de cada um existe é para que possamos aprender um com o outro como irmãos que somos.


Alexandre Brussolo (18/07/2010)