Despedida... (À Minha Mãe)
No cemitério as folhas das árvores
Vão rolando macilentas pela frialdade do chão...
E o que me são essas lápides de mármore
Se só me trazem da senhora a solidão?!
Os sonhos desfeitos na partida...
As lágrimas secam nos olhos que agora vagam...
Pudera ter da senhora por toda a vida
Os carinhos com que agora tanto lhe afagam!
Belíssimas flores à seu lado são depositadas...
Cobrem o seu corpo as mortalhas mais suaves...
Correm sobre o seu ataúde lágrimas desfolhadas
Dos olhos que agora só lhes têm saudades!
Inda escuto a sua voz me chamando...
Chama meu nome e nada mais em mim se acalma!
É o que me vem à noite a solidão sussurrando!
E sussurra assim como um fantasma!
Sem a senhora tudo é um frio de gelar o corpo!
Calmamente agora descansa sob às mortalhas
Enquanto durmo num sorriso enregelado e morto
Na frieza da amargura que tanto me amortalha...
Por sobre o peito vão cruzadas as mãos...
As mãos que ontem eu segurei com tanto enlevo!
Oh! Que de tão entrelaçadas como estão
Sequer segurá-las entre as minhas eu me atrevo!
Hoje a tristeza escurece a sua última tarde!
Enquanto à mortalidade deixa o seu último adeus
A solidão, (essa ave da saudade!),
Esvoaça como um corvo sobre os dias meus...
(Onivan – 11/04/2017)