Os humanos e a humanidade
Atendendo a um pedido da UNESCO com relação ao projeto transdisciplinar “Educar para um futuro viável”, em 1999 o antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin escreveu “Os sete saberes necessários à educação do futuro”.
Já li várias obras nas quais os autores chamam a atenção para a necessidade de a raça humana despertar para um conceito único de humanidade. Edgar Morin faz o mesmo com uma diferença fundamental. A todo momento sua obra revela que além do conhecimento, este conceito deve estar presente na educação das futuras gerações.
Como pessoas individuais pouco somos instigados a perceber que pertencemos a uma humanidade. Jamais cometeria o pecado de blasfemar contra a educação. Então trocarei educar por induzir. Naquilo que somos induzidos a acreditar, nos afasta para mais longe deste conceito. Coletivamente não é diferente.
Na semana passada, a mídia mundial desviou seus holofotes para a reunião do G20. Os governantes das nações mais ricas e poderosas do planeta estavam lá. Para disfarçar, se misturavam com alguns coadjuvantes. Acredito quem nem em pensamento o conceito de humanidade passou por ali. Cada um estava defendendo seus próprios interesses.
Para que um conceito de humanidade possa florescer no planeta, poder e ideologias tais como conhecemos atualmente e as tragédias que provocam precisam ser enterradas sem nenhum luto. Seria imprescindível o alvorecer de uma nova ordem mundial. Como enterrar, se a raça humana se apoderou do planeta coroando este sistema.
As religiões e crenças tais como conhecemos atualmente incluindo seus livros sagrados, precisam ser enterradas e rasgados sem nenhum luto. Nenhuma delas prega o conceito de humanidade. Nenhum deles traz escrito algum conceito de humanidade. Como enterrar, se a raça humana foi induzida a acreditar nas crenças dos livros.
Na ficção já vi o espírito de humanidade aflorar diante de uma catástrofe planetária iminente. De que adiantaria esse espírito aflorar quando já não houver mais alternativas para à extinção da raça humana. Lembrando que a conta-gotas estamos fabricando uma futura catástrofe planetária para as futuras gerações enfrentarem. E não é ficção.
Edgar Morin diz que transformar a raça humana em verdadeira humanidade deve ser o objetivo global e fundamental na educação das futuras gerações. Que toda educação além do progresso, deveria aspirar também à sobrevida da humanidade.
Mas, então nos vemos diante de um dilema. Como ensinar conceito de humanidade para as futuras gerações, se não temos a mínima noção de como fundamentar tal conceito. A contagem regressiva não para. Creio já estarmos no estágio da sobrevida. Podemos enfrentar o nosso fim sem que um conceito de humanidade floresça no planeta.