Sermão à insensibilidade (R29.1)
O caráter que define hoje, de um modo geral, a humanidade, é a sua capacidade de se tornar insensível.O amor que todos dizem sentir, e que deveria ser a chave mestra da vida, se torna como palavra jogada ou como pó lançado ao vento.
Sim, podemos ser hipócritas ao ponto de dizermos que sentimos amor de tudo que nos rodeia, mas na verdade, no fundo não sentimos nada.
Por que falar de amor se tocamos no assunto sensibilidade? Muito fácil responder, arquitetar palavra por palavra em nossa mente , pois o amor é sinônimo de sentimento puro, que é sinônimo de sensibilidade, que só os espíritos mais evoluídos são capazes de sentir.
Posso aqui contar uma história que ficaria clara como as pessoas se tornam insensíveis e hipócritas ao mesmo tempo.
Ali estava o cão perecendo e definhando em seu leito de morte, para ser mais dramático, morrendo na indignidade. Um cão largado por seu dono na calçada, por ele carregar uma doença que lhe extirparia muito dinheiro.
Os transeuntes passam, olham a cena, comentam e nada fazem. Outros procuram pedir ajuda ou simplesmente empurram para outras pessoas. Eu posso ser insensível, mas não hipócrita, pois eu empurrei o problema para outras pessoas, pois era mais prático naquele momento. Não sei realmente o que aconteceu ao cãozinho, só sei que no dia seguinte não havia mais a caixa e nem o cão que nela estava.
Onde quero chegar com esta história? Bem, analisemos: as pessoas não sentiram amor apenas compaixão. Qual a diferença? O amor remove montanhas e pode tudo, contém a sensibilidade e quem o sentisse iria ter feito ele mesmo algo pelo cão, mas não, todos sentiram compaixão, simplesmente dó, chocando-se com o estado deplorável do animalzinho.
O que quero dizer é que não devemos tomar partido se pretendemos jogar os problemas para outras pessoas, isso não faz e nem deve fazer parte de nossas vidas, pois o homem deve largar mão da hipocrisia e deixar de sentir compaixão dos menos afortunados, porque nossos irmãos inferiores não precisam que sintamos dó deles mas que os amemos com todo o coração.
Alexandre Brussolo (sem data)