A CIÊNCIA ACIMA DE TODOS
No momento em que somos governados por uma caricatura ideológica que não mede esforços para negar a ciência, lembrei de Isaac Asimov (1920-1992). Em “Viagem Fantástica II – Rumo ao Cérebro”, Asimov que ao lado de Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke forma a trinca de mestres da ficção cientifica, faz uma mistura gostosa entre ciência e Guerra Fria.
Muitos acreditam erroneamente que a Guerra Fria travada entre americanos e russos partir de 1945 e supostamente encerrada em 1991, com a vitória dos primeiros deveu-se a ideologias antagônicas. O Capitalismo contra o Comunismo. Ou, pela supremacia do poder bélico e nuclear. Muito mais estava em jogo.
A ciência exerceu um papel importante durante essa guerra silenciosa aos olhos do mundo. Uma das batalhas mais ferrenhas travadas foi pela conquista espacial também vencida pelos americanos com a chegada do homem à Lua em 1969. A pergunta permanece até hoje. Por que os russos não pisaram na Lua? Tecnologia para tal feito eles também tinham, mas qual seria a glória de se chegar em segundo?
A trama de Isaac Asimov se passa no século 21. Estamos nele agora, e acredito ainda muito distantes da ficção. Albert Morrison é um neurofísico americano desacreditado pela comunidade cientifica do seu país. Suas teorias sobre captar pensamentos são motivos de chacotas. Diante disso, suas pesquisas correm o risco de ficarem sem financiamentos.
Um dia, Natália Boranova convida Morrison para visitar a Rússia. Lá há um cientista que acredita nas teorias do americano. Devido um erro ocorrido durante o processo de miniaturização este cientista agora está em coma. Morrison se nega a ir. Sabendo que os russos desenvolveram com sucesso o processo de miniaturização, e interessados em obter os segredos, os americanos tentam convencer Morrison a ir. Diante de nova negativa, de comum acordo os dois lados simulam um sequestro.
A viagem dos cinco tripulantes a bordo de uma nave pelo cérebro do russo em coma é realmente fantástica. Para se ter uma noção do tamanho dos miniaturizados, um glóbulo vermelho passando pela escotilha da nave, proporcionalmente se parecia com uma baleia. O romance termina com nuances de Guerra Fria, mas a ciência vence.
Li recentemente a entrevista de uma escritora famosa. Ela contava que quando criança se sentia literalmente um cão enquanto lia “O Apelo da Selva” de Jack London. Confesso que Jack London esteve distante de me fazer sentir um cão. Que passei vários dias viajando miniaturizado dentro de um cérebro não tenho dúvidas.
As ideologias e crenças, mesmo suas piores caricaturas, não são páreo para a ciência. Quem a nega será esquecido. O Universo e os cérebros pertencem à ciência.