Efuturo: O HEROÍSMO E AS BARBÁRIES

O HEROÍSMO E AS BARBÁRIES

Quando falamos de Júlio Verne, logo lembramos dos grandes clássicos da Literatura Universal. Atualmente nas redes sociais vejo muitas brincadeiras e a legenda: "Quem nunca brincou disto não teve infância”. Ouso dizer que quem nunca leu Júlio Verne quando criança, também não teve infância. Não foi à Lua. Não voou num balão. Não passeou pelo fundo do mar no “Náutilus”. Nem por uma ilha misteriosa.

Além dos grandes clássicos, uma obra pouco conhecida de Júlio Verne é “Os Conquistadores”. A edição que tenho faz parte de uma coleção de bolso da “L&PM Pocket”. Na capa lemos: “A busca do Eldorado e do Novo Mundo. A tragédia e a glória na conquista da América.

Com a visão de um europeu, Júlio Verne conta a chegada dos conquistadores na América a partir de Cristóvão Colombo, com o foco principal em dois acontecimentos. A conquista dos Astecas no México pelo espanhol Hernán Cortés em 1521, e dos Incas no Peru em 1532, pelo também espanhol Francisco Pizarro.

Júlio Verne relata os fatos como se estivesse caminhando sobre uma linha tênue. Toma muito cuidado para nunca se afastar demais do heroísmo desses conquistadores, e nem das barbáries cometidas pelos “civilizados” num ambiente hostil.

É assustador até que ponto pode chegar as artimanhas dos seres humanos quando se trata de poder, ganância, cobiça e crenças. Da mesma forma, é assustador como às vezes, podemos nos mostrar ingênuos beirando o infantil. Incas e Astecas receberam os conquistadores como se fosse a chegada dos “deuses” prometidos nas suas profecias.

Logicamente a ingenuidade durou pouco. Os recém-chegados não eram deuses, mas se diziam enviados por um Deus. Que palavra desse Deus saia por um livro. Alguns pediram para escutar o livro, mas não ouviram nada. E que estranho. Esses enviados traziam doenças transmissíveis poderosas, que em poucos dias dizimavam os nativos.

Júlio Verne escreveu “Os Conquistadores” em 1886. Se ele tivesse visto o impacto que a bomba atômica atirada sobre Hiroshima causou na Humanidade, talvez, associasse com o impacto que as armas de fogo e a pólvora causou entre os Incas e os Astecas. Quando esses dois impérios perceberam a real intenção dos “enviados de deus” já era tarde demais.

Foi essa ingenuidade própria dos humanos, que levou Stephen Hawking a admitir um de seus maiores temores. A chegada de uma outra civilização ao nosso planeta. Se chegarem não restará dúvidas que são mais inteligentes e evoluídos que nós. Com os humanos se repetirá o que aconteceu com os Incas e Astecas? Ingênuos, acreditaremos estarmos diante de deuses. Seremos conquistados. E depois exterminados.