EN PASSANT
Sou um altar de sacrilégios
dentro de um tubo de ensaio
jogo a isca,
apago rastros.
No jogo,
sou um peão destrambelhado
“en passant” em mutação
deixado de lado.
Encarno o silêncio
com meu monólogo triunfante,
e tenho uma rota de fuga
quando toca a valsa dos desesperados.
Depois do chá da meia-noite
engano a madrugada
escondendo os carneirinhos
debaixo do travesseiro.
Sou do tipo ultrapassado,
esqueci de sair da caverna,
Ainda sou do tempo
de curtir o tic tac do relógio.
Meu passatempo é separar
a minha parte boa da ruindade,
vomitando sapos engolidos,
praticando vodu com os fantasmas.
Não me vejo produto de divindades
seria um desperdício de sopro e de barro,
e que privilégio é ser o vencedor
duma maratona de espermatozoides.