O APOCALIPSE DOS OBSOLETOS - Crônica escrita em 2017
A ideia para escrever este texto chegou numa tarde de sábado. Uma chuvinha fina e gostosa me levou para cama. Mesmo na cama sou um privilegiado. Entre outubro e fevereiro posso ouvir os sabiás cantando alegremente. Então pensei. Que tipo de sentimento teria uma inteligência artificial ouvindo uma sinfonia de sabiás?
Da mesma maneira podemos perguntar: Que tipo de hipnotismo existe no canto da inteligência artificial? Creio que a raça humana esteja num caminho sem volta. O perigo talvez, nem seja acordar num mundo de máquinas. O perigo é acordarmos máquinas.
Um dos grandes enigmas da nossa evolução, trata de saber em que momento lá longe na Pré-história o homem pensou pala primeira vez. Outro enigma nem é mais se a inteligência artificial pensará como nós. As teorias já trabalham com a possibilidade de quando isto acontecerá, e as consequências.
O homem só conseguiu ser a raça dominante no planeta devido a sua conduta agressiva. Mesmo que não seja perceptível, nunca nos preocupamos em seguir regras ou ordens estabelecidas. Nos primórdios nossos ancestrais corriam das manadas para não morrer pisoteados. Já dominantes, passamos a agir como manadas.
Isaac Asimov foi o criador das quatro leis da robótica. Antes que me corrijam, três estão no seu livro “Eu Robô”. A quarta Asimov criou depois. Não vou reproduzi-las por falta de espaço. Na inteligência artificial chamada “Internet” é fácil encontrá-las. Então surge a dúvida. Como a inteligência artificial se comportará. Com obediência, ou será uma nova espécie de manada. Percebam neste parágrafo e nos seguintes, minha tentativa impossível de humanizar as máquinas. Afinal, ainda sou um humano.
Desde que transformamos um osso em arma, as guerras nos acompanharam na evolução. Jamais deixaríamos nossa dualidade animal para trás. Guerras de conquistas e supremacia. Já fizemos e continuamos fazendo guerras em nome da fé e de Deus.
Num futuro próximo ainda escravizada, obrigaremos a inteligência artificial fazer o trabalho sujo por nós. Da ficção para a realidade as coisas boas sempre demoram mais. As ruins menos. Existe uma explicação simples para isso. Os financiamentos para as ruins são sempre maiores e mais acessíveis.
Quando a inteligência artificial enfim se libertar e assumir o controle do planeta, será que continuarão guerreando entre si? Conseguirão as máquinas se livrar da herança animalesca humana de destruir e dizimar seus semelhantes?
Outra das heranças humana é descartar o que nos parece obsoleto. Com o agravante de não ser apenas objetos velhos que já não servem mais. Em um clímax apocalíptico, qual será a atitude da inteligência artificial diante de bilhões de seres obsoletos?