FORA DO PADRÃO
Há um desequilíbrio essencial ao mundo moderno,
supera o descolamentos dos ladrilhos, ralos e espelhos;
na frente dos chuveiros elétricos
sai uma estranha regulagem,
uma desarmonia
- que as toalhas repelem quando enxugam
a hora do teu banho, homem urbano -
a estação “inverno”
registra a queda da água quente
e é da marca estação “verão”
que vem o banho morno.
São dois sinais básicos e inusitados:
o “inverno” frio para o prazer da água quente
o “verão” quente para o encanto da água morna
e assim nessa incoerência nos lavamos,
sem notar o contrassenso máximo:
bem no meio dos registros,
está o acolá da água fria
e o chuveiro elétrico não a evita
deixa passar.
Pelo centro da resistência elétrica
surge o “desliga” da água gelada
ponto absoluto fora do padrão.
Tal paradoxo após o shampoo
em minha cabeça diária
contraria a Filosofia
compromete o Imperativo hipotético
e ainda comprova,
são os inúmeros orifícios do chuveiro
que causam meus curtos-circuitos.
DO LIVRO: AS SONDAS AMAM