OS ARCANOS MAIORES DO TARÔ EM POEMAS: O EREMITA (23 de junho de 2016)
O EREMITA
Minha sina é caminhar
E há muito... muito tempo caminho,
Como o grego Diógenes caminhava,
Levando como ele a minha lanterna,
Que ergo no alto e à frente
Como quem por algo procura,
Mas não procuro alhures,
Cinicamente,
Como ele procurava,
Por um homem que fosse de bem.
Caminho só,
Testando cada terreno com a firmeza
Do meu velho e sólido cajado,
Que comigo envelheceu na poeira das estradas
E que, por si só, como amigo e antigo aliado,
Já adivinha o meu próximo passo,
Cada próximo passo,
Um de cada vez,
Sem pressa,
Pois a pressa é inimiga da sabedoria.
A minha lanterna erguida à frente
Ilumina um caminho curto,
Um pouco maior que cada passo meu,
Limitando o alcance dos meus olhos exteriores,
Permitindo-me, enquanto traço meu caminhar,
A possível entrada,
A necessária entrada,
Nas estreitas e acidentadas trilhas
Do meu mundo interior,
Onde busco
Com os olhos do espírito
Um homem
Que seja verdadeiramente de bem.