OS ARCANOS MAIORES DO TARÔ EM POEMAS: A ESTRELA (1º de agosto de 2016)
A ESTRELA
Querer... e não ver as estrelas,
Ponto de luz nas trevas,
Cacos incertos de vida acima do asfalto,
Enigma do eterno
E da airosa esperança.
Olhar a rua que passa
E ver um mundo obscuro caminhar
Do outro lado da calçada.
Trancar-me na escuridão do quarto,
devorando incertezas.
Esperar que o peito dilacerado me leve
Aos caminhos do coração.
Em luta, reluto...
Sonhar, não sonhar,
Viver, não viver,
Se tudo acabar,
Nada a perder.
Abrir porta e janela,
Deixar entrar a brisa
E esperar...
Haverá um tempo
Em que colocarei o olhar
Na linha do horizonte e não sentirei
O peito apertar-se,
Sem ansiedade e sem temor...
Haverá um tempo do dever cumprido,
Do contemplar o edifício acabado,
A casa do espírito em paz,
Serena paz,
O coração tranquilo.
Haverá um tempo para contemplar
As águas mansas do regato
Que, lentamente, lentamente...
Caminham para seu destino maior,
Rumo ao distante oceano,
Carregando as más águas
Dos meus cântaros esvaziados.
Haverá um tempo
Em que olharei para trás
E sentirei,
Aproximando-me do imenso oceano,
A certeza de ter feito o melhor
No sinuoso e acidentado caminhar.