A CULPA NÃO É DOS OSSOS - Crônica escrita em 2014
Por ocasião das comemorações dos 100 anos do início da 1ª Guerra Mundial, não sei por que uma guerra deve ser comemorada, o canal “History” exibiu uma série sobre as duas Guerras Mundiais.
No script estava o papel dos protagonistas da segunda guerra na primeira. De Stalin a Churchill, passando por Hitler, a série quis mostrar o que cada um fez nos dois conflitos. Claro que não devemos ser inocentes e acreditar quando a História é contada apenas pela ótica do lado vencedor.
Nunca me aprofundei no estudo das guerras. Então consultei um amigo que fez isso, sobre a hipotética cena em que o soldado raso Adolf Hitler, está na mira de um soldado francês sem coragem para puxar o gatilho.
Meu amigo apenas confirmou o que eu imaginava. Não existem evidências históricas sobre isso. A série se valeu de ficção quando lhe convinha. Imaginem o que milhões de telespectadores perguntariam. E se o soldado francês tivesse atirado? Haveria a 2ª Guerra Mundial? A Guerra Fria? O temor atômico? Como seria o mundo hoje?
Alguns especialistas ouvidos na série foram unânimes afirmando que só houve uma Guerra Mundial. Durou de 1914 a 1945. Sabendo que os principais protagonistas foram os mesmos, essa afirmação faz sentido. E querendo colocar no mesmo balaio a Guerra Fria, o conflito “supostamente” terminou apenas em 1989.
Infelizmente os genes das imbecilidades das guerras, foram trazidos das cavernas. É possível afirmar que em nossa curta História no planeta, alguém em algum lugar sempre está fazendo guerra. Uma das nossas “virtudes” é encontrar motivos e inimigos.
Os motivos das guerras em 100% das vezes são ainda mais imbecis. Conquista de territórios, supremacia racial e étnica ou religiosa. A carnificina das “Cruzadas” foi em nome de Deus. E hoje, em seu nome o terror e as matanças ainda continuam.
Lado a lado com Hitler, Saddan Hussein, Bashar al-Assad e alguns “mocinhos camuflados”, as diferenças com outros imbecis da História são poucas. Com tanta imbecilidade, é difícil acreditar que somos criação e semelhança de algum Ser Divino.
O que nos torna menos infelizes, se isso for possível, é saber que das cavernas também vieram os genes da genialidade. É uma pena que ser um imbecil seja muito mais fácil. Que ganhe muito mais evidência e status. Alguns até governam ou governaram milhões.
Stanley Kubrick foi genial em “2001 Uma Odisseia no Espaço”. Tatuou definidamente a nossa essência para as guerras, na cena onde os primatas descobrem que um pedaço de osso poderia ser uma arma. A culpa não é dos ossos. É da nossa imbecilidade.