Toda vez que ouço pessoas falando de descrença e zombando dos que ainda têm a coragem de se dizerem patriotas, eu volto o meu pensamento para quem me ensinou a ter um carinho muito grande pela minha Pátria, não importa qual o momento político ou econômico. Busco o exemplo da força e da coragem naqueles idosos que na sua juventude vieram ao Brasil em busca de uma nova vida, e a encontraram através do trabalho e da determinação.

A vida não está fácil hoje, mas também não foi um mar de rosas no passado, e, certamente, não será somente maravilhas no futuro.

Gosto demais de ouvir as palavras sinceras daquelas pessoas de cabelos brancos e mãos calejadas, que construíram com suor e sacrifícios este país imenso que está aí, apesar das crises. Gosto quando falam que não tinham praticamente nada quando eram jovens, tinham apenas seus sonhos e seu trabalho, mas construíram uma vida plena e tranquila, tendo criado muitos filhos somente às custas do seu trabalho árduo e da determinação de serem pessoas de Bem. E eram felizes...

Eu me escoro nas palavras deles, que não são vazias, pois vêm confirmadas nos seus rostos enrugados, nas suas mãos bondosas e nas recordações de toda uma vida onde, apesar dos sofrimentos, havia lugar para uma imensa esperança.

Essa esperança parece estar faltando hoje, e no seu lugar está sendo semeada a desilusão e a apatia.

Olhar para trás, às vezes é importante, porque podemos aprender lições valiosas com as gerações que nos precederam. Antigamente não havia nenhuma comodidade, nada que indicasse um futuro promissor. A única saída era acreditar na vida, nas próprias forças – pois naquela época também os governos não ajudavam muito – e enfrentar o trabalho de sol a sol, com ânimo e gratidão.

Apesar disso, o futuro veio, com facilidades e tecnologias jamais imaginadas.

E nós não queremos acreditar no nosso futuro e no amanhã das nossas crianças!

É de riqueza imensa o testemunho vivo dos nossos queridos idosos, por isso quero lembra-los aqui, pois são uma verdadeira lição de patriotismo, sem terem sido obrigados a isso, sem terem tido apoio de governos, sem receber salários, sem ter as condições necessárias de sobrevivência ou qualquer amparo na saúde e Educação de seus filhos.

Se conversarmos com alguns destes velhinhos, eles nos dirão, com os olhos brilhando de alegria e de saudade, que aprenderam a amar essa Pátria, mesmo encontrando dificuldades e sofrimentos. Seus antepassados nasceram em outras terras, e no entanto, trouxeram um amor e um carinho para depositar no chão de sua nova Pátria; amor e carinho que transmitiram aos filhos e netos, sucessivamente.

E agora... queremos desanimar? Desistir? Perder nossos sonhos mais belos?

Talvez não encontremos nos nossos governantes o mesmo exemplo de amor à Pátria e de honestidade, que encontramos nos nossos idosos de cabelos brancos. Mas este não pode ser um motivo suficientemente forte para ficarmos descrentes e para deixar que as novas gerações cresçam com a triste sensação de que a sua Pátria não merece o seu carinho e a sua esperança. Sabemos que as pessoas só lutam quando acreditam em algo, quando são movidas por uma esperança qualquer, mesmo que essa esperança se chame utopia.

A Pátria não é somente o território físico, nem os governos, nem as ideologias. A Pátria somos todos nós. É o nosso coração, corpo e mente reunindo forças para sermos a grandeza e a nobreza que buscamos nos outros.

Não vamos transmitir aos jovens e às crianças a indiferença pela sua Pátria. Por si mesmos!!!

Nossa inteligência e nossos talentos orientados para o trabalho e para a solidariedade, são a resposta certa para aqueles que pregam o derrotismo e o desamor. A determinação de sermos cidadãos de honra, mesmo quando a corrupção parece tomar conta de todos os espaços, é essa a Pátria que devemos fazer nascer em nós e ao nosso redor.

O exemplo de vida dos nossos idosos ensina a verdadeira lição de coragem que precisa ser compreendida e seguida pelas novas gerações, sempre de olho no futuro, e sempre com o pensamento voltado para o otimismo e para a certeza de que, juntos, caminhamos na direção de um mundo bom.

O Brasil necessita da nossa esperança e do nosso trabalho.

Saleti Hartmann
Professora e Poeta
Cândido Godói-RS
saletihartmann@gmail.com