HOLÍSTICO
Da Paris
do último tango,
pelas janelas
do expresso do oriente,
ou nas terapias das manadas,
buscamos mentes traídas
como pipocas mal estourada
esquecidas no fundo da tigela.
Às vezes,
nos vestígios escondidos
das barrigas de fome,
escancaramos toda a fúria
e a selvageria do homem,
providos de olhares descarados
rezam amém
aos santos estáticos do altar.
Ah! Paris
do último tango,
da manteiga
que ficou rançosa
vencida e ultrapassada
com a chegada
do século XXI,
século que todos
desejam Marte
a amante distante,
uma vizinha
que não respira,
até os indianos...
que diria Buda!
Oriente ou ocidente,
a dúvida de Istambul,
ou da donzela
no último capítulo
da novela.
Ah! Everest
das neves eternas,
a magia de Kathmandu.
O sonho
com as noites estreladas
de Sangri-La,
horizonte perdido
jamais encontrado
porque nunca existiu.
Um gatilho,
um estampido,
o despertar do sonho,
Sangri-La engolida
por tsunamis da realidade.
Um grito de menina,
depois o silêncio
de um corpo
estuprado e morto,
na minha esquina.
De repente,
a ânsia, o vômito,
a indignação tão passageira
como o minuto que passou.
Ser atirado
num labirinto holístico,
cercado por ratazanas
de duas patas
dessas que só sobrevivem
fora dos esgotos.