A POESIA (o poeta e sua sina)
Passar sóbrio pela vida afora
com a cara da coragem e a fé
nem álcool nem ópio
para suavizar as dores muitas
dores de desencontros
desencantos e das perdas e danos
nossa árdua missão
nossa recorrente via crucis.
Apenas na beleza da arte dos poetas
vates ébrios por um novo mundo
talvez possamos encontrar algum bálsamo
para nossas feridas abertas na busca
do amor em meio ao deserto
deserto de almas abertas à liberdade
e à aventura de sonhar e viver.
Grafar no papel com o sangue
aos borbotões derramado
a verdadeira tinta da poesia
as nossas mais cruentas dores
e cantá-las aos quatro ventos
demorado e dolorido canto
e lavar o coração
com as lágrimas derramadas
pela nossa alma que clama:
liberdade! liberdade! liberdade!
Zildo Gallo
Piracicaba, SP, 28 de setembro de 2001.
Revisão: Araraquara, SP, 23 de junho de 2017.