PELAS MARGENS DA LAGOA - O BAILAR DAS GARÇAS
Lagoa do violão -_ Torres -_ RS
Manhã -_ 10 hs-23 m -17/02/2014
O BAILAR DAS GARÇAS
Estava eu mais uma vez a caminhar pelas margens
da lagoa, por bênçãos divinas me deliciando com uma
belíssima, ensolarada e incomparável manhã de Torres.
Quando algo me chamou a atenção e parei para olhar,
eu não sou nenhum deslumbrado, mas com o que estava
presenciando fiquei ali parado admirado a observar.
Desprendeu-se um bloco de aguapés lá do canto da
lagoa e vinha sendo empurrado suavemente pela frágil
brisa sobre as águas a flutuar. Até aí tudo bem, aguapés
geralmente se desprendem e mudam constantemente
de lugar. Mas o que me deixou deslumbrado é que,
em cima dele, como se tivessem programado estavam
quatro garças, uma em cada ponta, feliz a passear.
O caramanchão de aguapés por si já seria lindo de ver,
saudável e bem verdinho com belas flores arroxeadas
despontando, tartarugas e peixes de todos os tamanhos
como se um bailado fosse estavam a nadar ao seu redor
parecendo que também estavam extasiados com o belo
que flutuava sobre as águas, se exibiam promovendo um
espetáculo impressionante. Gente que passava, paravam
se aglomerando a minha volta e fomos acompanhando
esta maravilhosa visão que vinha beirando a margem
e se dirigia para ultrapassar a ponte de travessia, onde
de cima ficamos de queixos caídos no simples apreciar.
A beleza imponente das garças se destacavam, grandes,
com um porte incrível de elegância e com uma brancura
mais branca que o próprio branco! Elas, não sei porque
resolveram pousar ali, torciam seus longos pescoços para
todos os lados, seus olhinhos de um avermelhado vivaz
contemplavam-nos parecendo orgulhosas de estar fazendo
para os observadores uma apresentação, por vezes,
com o comprido das pernas dançavam em um malabarismo
como se estivessem em um carro alegórico em alguma
avenida a desfilar, trocavam de lugar em um sapateado
graciosos soltando uns gritinhos como se, para os
assistentes estivessem envaidecidas a cantar.
Foi pena que estes momentos não puderam por horas
perdurar, pois as pessoas que se aglomeraram a minha
volta, em vez de ficarem quietinhos curtindo este mágico
momento, se entusiasmaram e de repente explodiram em
estrondosos aplausos, assustando as garças que receosas
alçaram rasante vôos partindo para outra parte da lagoa.
Estas mesmas pessoas, rápidas se dispersaram, eu fiquei
ali mais um bom tempo parado, irritado comigo mesmo
por ser um desleixado e nos dias de hoje ainda não ter
uma máquina digital ou um simples telefone celular,
para que, quando surgidas estas ocasiões especiais, eu
assim pudesse facilmente com qualquer um deles, estes
instantes fascinantes fotografar, mostrar a todos para
provar o que vi e não gravá-los apenas na memoria.
Mas, por ordem celestial eu recebi a permissão de ter
enraizado em meu íntimo o dom de manejar as palavras,
sai a caminhar até em meu banco preferido poder sentar
já que não os pude fotografar, caneta e folhas em mãos
e o deslumbrante espetáculo que presenciei comecei
fielmente a relatar, será mais uma história verdadeira
que em livros irei publicar, outra vez estarei exaltando
este paraíso abençoado, esta cidade maravilhosa que me
fez fisionomicamente rejuvenescer e por isto mesmo suas
belezas puras e naturais com carinho vivo a enaltecer.
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Permaneço sentado em meu banco olhando enternecido
as águas da lagoa, onde alguns peixes continuam a
nadar, em tranquilidades no tempo começo a recuar
e sinto achegar-me agradecidas e doces recordações
de quando a uns dez anos atrás, ainda em minha querida
e histórica Rio Pardo eu cuidava de meus afazeres,
Deus, em privilégios e através de minha
estimada “voz secreta” ao meus ouvidos
veio um belo dia sussurrar:
abandone tudo e vá para Torres morar.
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Para que se considere um homem rico e feliz
não se faz necessário possuir
um monte de papeis com números e cifrões
basta contentar-se com o fundamental.
E com as belezas simplificadas da vida.
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Elio Moreira -_ Torres -_ RS OPB - Brasil