Efuturo: A LUVA

A LUVA

Rio, 13 – 14/10/207.

Exposto
Um pálido rosto
D’um medo posto
E há desgosto.
Estatelado
Amargurado
Esbroado
Mal amado.
Claudicante
Soluçante
Os olhos tristes
D’um ser triste.
Desvaira
A mente paira
Faz tudo a esmo
Pra si mesmo.
Há grilhões
Nos corações
Das emoções
Traz profusões
Há soluções?
Exposições
No museu da vida
Há gente que duvida
Da arte real
Foi ela, não eu.
A morte do ateu
Um ser animal
E crê não existir Deus
E perde a vida
Tentando provar.
Tem olhos de carne
Como enxergar?
O amor existe
O ódio também
Sem massa e peso atômico
Não está em laboratório.
Tudo é tão cômico
Quase peremptório.
Torna-se alusivo
Faz-se exclusivo
O homem da cadeira
Enfim saiu
Foi só de licença?

E tinha uma pedreira
E muito resistiu
E na sua crença
Sempre mentiu
Quase se acreditava
Por tanto repetida.
E nos outros não há dívida?
Lindo dicionário:
Pérfidos
Abjetos
Bastardos
Salafrários
Corjas
Ordinários
Forja
Numerários
Excrementos
Nódoas
Nojentos
Hordas
Larápios
E tantas outras luvas
Que os vestem perfeitos
E pisam as uvas
E fazem vinhos
E torcem os direitos
E tecem ninhos
E por fim
Beberão as fezes
E no fim
Comerão as fezes
E por fim no fim
Serão só bostas
Que fedem
E, ali, foram postas;
E agora mexidas
São mais fedidas.
Limpem a Nação!
Fora a podridão!

SEDNAN MOURA