Efuturo: Loucura!

Loucura!

A noite, (silenciosa e escura!);
De uma pintura à tenebrosa vastidão do mar
Navega um barquinho uma agourenta figura
Que insiste minha solidão assombrar!

Na praia a minha vista se turva...
Tamanha solidão costumada se compraz
E avança sobre mim à fina chuva
Em que o tempo à minha lembrança se desfaz...

A fina areia agora é só frialdade...
De tão fina ela escorrega pelas minhas mãos
E se dispersa aos poucos na saudade
Que muito me apunhala coração!

Tremeluzindo distante o barquinho prossegue
Navegando pelo escuro tempo tenebroso!
Balança sobre os sonhos que persegue
Encrespando-se sob um pesadelo perigoso!

Das cores de uma alma morta a paleta cheia
De Van Gogh o espectro dele se afigura
E em vivas cores delineia
Toda a minha incompreendida loucura!

Finalizada na tela a derradeira pintura:
Vem no meu pensamento o último sorriso dela!
Vem no meio da amargura
Em que toda minha esperança se esfacela!

Da sombra do que fui às desesperanças da vez
Em que eu vivi a morte foi engolida!
Foi engolida por uma tempestade, talvez,
Por uma pincelada esquecida...

Na quietude do cianótico quarto, sozinho,
Demudam-se as cores nas paredes e a solidão
Demuda a pessoa que eu sou e o barquinho
Navega perdido sem rumo ou direção...

(Onivan – 25/01/2019)