À Sombra dos Laranjais...
Vão-se me encerrados embaixo dos laranjais, os dias,
E tanto, e mais, as horas!
Mergulham em mim embalsamadas alegrias
Do nascer ao morrer da aurora...
À sombra dos verdes laranjais sentir o momento
Em que caem num amarelecido suspiro os pomos!
Perceber que a experiência vivida se cala com o tempo
Em que a existência da vida se sustenta em sonhos...
Precipitam-se dos laranjais sonhos maduros
Enquanto a tarde se perpetua numa eterna lassidão...
Enquanto a terra faz girar os pensamentos mais puros
Na certeza de que tudo é solidão...
Ora, mas o que me é a vida assim deitado nessa sombra
Senão a sombra do amor vivido lá atrás?!
Se não o matiz das flores, (essa doce alfombra!),
Que à amarelecida sombra dos laranjais se desfaz...
Não me vem à lembrança nenhuma alegria do passado,
Não! O que me vem à mente são os lamentos doridos
Dos laranjais carregados de sonhos (um dia sonhados!),
E dos frutos nunca colhidos...
(Onivan – 03/02/2017)