Efuturo: HISTÓRIA DE CINCO ROSAS

HISTÓRIA DE CINCO ROSAS

(Inspirado em conto homônimo do livro INTERMÉDIO LOGOSÓFICO de Carlos Bernardo González Pecotche)



Florescia uma roseira,
num parque, em belo jardim,
em meio a dálias e cravos,
jacintos e um jasmim.

Tão formosa e bela planta,
cinco rosas nela havia.
A mão do homem dentre todas,
as mais belas escolhia.

Um casal enamorado,
em gesto de eterno amor,
desprendeu do tenro talo
a obsequiosa flor.

Aquela rosa murchou,
com carinho foi guardada
dentre as prendas mais queridas
da menina enamorada.


Junto à roseira um vaidoso
passou, retirando u’a rosa
e a colocou na lapela,
indo embora todo prosa.

Não bem a rosa murchou,
perdeu a finalidade,
no lixo ele a jogou,
não mais convinha à vaidade.

Beijando a terceira rosa,
a mãe sofrida a pegou,
nas mãos do filho inerte
em pranto a depositou.


Foi achada a quarta rosa
entre as mãos de um suicida.
Cena triste dolorosa.
Epílogo de uma vida.

Em seu talo a quinta rosa
sempre ali permanecia
para contar essa história,
nos anos que renascia.

Perguntaram à quinta rosa,
- por que não conta você
a sua história também,
nesse eterno florescer?

Turbada a flor legendária,
revelando o seu sofrer,
- sou a alma deste corpo,
em constante padecer.

Nem todas as minhas rosas
têm elas igual destino,
nem posso levar a culpa
de tão cruel desatino.

_______

O pai não pode ter culpa,
por filhos haver gerado,
que não souberam o seu nome
conservar e tê-lo honrado.


Sempre por aparências
é temeroso julgar.
Há muitos segredos íntimos,
que as flores vêm a guardar.