Efuturo: ESTAMOS CARENTES

ESTAMOS CARENTES

(Esta crônica foi escrita em 2017 antes de Stephen Hawking falecer)

É fato. A raça humana está carente de muitas coisas. Hoje especificamente tratarei das nossas carências por gênios e filósofos pensadores. Será que a tecnologia camufla essa carência? Ou, faz mais que isso. Impede que gênios e pensadores surjam em profusão como nos séculos passados.

Quando lemos obras de filosofia da atualidade, dificilmente encontramos citações e referências a filósofos e pensadores nascidos a partir da segunda metade do século XX. Toda a base filosófica atual, ainda se baseia em pensamentos amarelados pelo tempo empoeirados nas prateleiras.

O último grande pensador faleceu recentemente. Só que o legado filosófico de Umberto Eco ainda é pouco lembrado. Uma das suas citações mais cruéis para as gerações atuais, e que certamente o fará inimigo número um, diz que o mundo virtual é uma montanha de pura ignorância.

Com os gênios não é diferente. Receio que a escassez de gênios represente a extinção dessa espécie rara. Para a felicidade dos amantes da genialidade temos um ainda vivo. Apesar das limitações físicas que a doença lhe impôs, Stephen Hawking parece ser o último da linhagem. Não vejo herdeiros.

Atualmente muitas pessoas são chamadas de gênios. Diria que todas erroneamente. Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zucherberg, o criador do Facebook. De pessoas como essas tirem-lhes as fortunas e vejam o que sobra de genialidade. O mundo está carente de gênios, não de milionários. Até Eike Batista já foi chamado de gênio. Uau!

No esporte também é comum chamar atletas de gênios. Citarei outros três. Lionel Messi, Cristiano Ronaldo e Roger Federer. Com esses seis exemplos, é difícil criar uma linha divisória entre nossa ignorância e nossa carência por gênios. Quando chamei Novak Djokovic de gênio num poema, diria que a minha proporção era 60% ignorante, e 40% carente.

Podemos trazer o tema para o Brasil. A inclusão do escritor Paulo Coelho no “Top 100” dos pensadores mundiais da atualidade, não é apenas estranha. É assustadora. Li algumas obras do nosso hoje imortal da Academia Brasileira de Letras. Lugar que com o jeitinho brasileiro, sempre é possível arranjar uma vaguinha.

Para Paulo Coelho deixar de ser um simples escritor e entrar no rol dos pensadores, eu diria que existe todo o Caminho de Santiago a ser percorrido. Várias vezes.

No vácuo criado por essa carência de gênios e pensadores, surge um terreno fértil para o semeio de mentes retrógradas. É bem possível que espalhados pelo mundo, estejamos assistindo a colheita dos primeiros frutos.