BURILADO
Rio, 08/11/2008.
Como quando o mar lança escuma,
Tão suja, que nos põe tantos medos.
Como ondas que se elevam uma a uma,
Tão bravas, e nos revelam segredos.
É vento tempestuoso que sobre tudo ruma,
Tão violento, que nos tira todo o enredo.
Como areias depositadas em alta duna,
Tão soltas, que o vento leva em degredo...
Como caminho que leva a lugar nenhum,
Como sombra que se desfaz com a luz,
Como poça d’água desfeita em vapor.
Como palavras sórdidas sem valor algum
Em letras açacaladas que muito reluz,
Vi burilado no teu ser: desprovido de amor!
SEDNAN MOURA