FLORBELA
Florbela cantou tudo àquilo que chora
A dor por perder, o túmulo, a saudade,
Nunca compreendeu de a morte ter hora,
E a sua chegaria mais cedo ou mais tarde.
Hipnotizada pelo fumo de aurora a aurora
Pelos rubores reprimidos da sensualidade,
Muitos medos se tatuaram nessa senhora
Temerosa de ser crucificada pela vaidade.
Mesmo se atirando no fundo do poço,
O afogamento ocorrerá pelo desgosto,
Quando nos desgarramos das certezas.
Florbela perdeu todas as suas nas rimas,
Fez dos seus sonetos vida, script e sina,
E no fim, permitiu-se morrer de tristeza.