HIPOTÉTICO POR HIPOTÉTICO...
Num futuro também hipotético, o chargista do Charlie Hebdo depois de beber demais numa festa animada por francesas nuas sofre um grave acidente.
Seu carro em alta velocidade se perde na curva, e depois de um voo espetacular, cai em chamas num precipício.
Foram várias semanas entre a vida e a morte na UTI. No primeiro dia após sair do coma, começou a ouvir dos amigos visitantes, muitos traziam flores, que ele só sobreviveu graças a um milagre. No seu celular, ele se encantou com as redes sociais enfeitadas de “somos todos”.
O milagre, todos diziam, foi o fato de um médico competente estar no lugar certo na hora certa.
Naquela tarde quando o médico de barba rala apareceu na porta, o chargista promoveu um verdadeiro discurso de agradecimento. No fim estendeu a mão que estava melhor para cumprimentá-lo.
— Muito boa tarde doutor. Doutor? — E o chargista quis saber o nome do médico do milagre.
Sorrindo o médico respondeu.
— Boa tarde. Sou o doutor Aylan.
Moral da história: Ninguém se enfeitou de “somos todos Aylan” quando o corpo no menino imie Aylan Kurdi de três anos foi encontrado numa praia da Turquia em setembro de 2015.