A BELEZA, QUARTA DIMENSÃO
Nunca visitei Nova York.
Nova York não existe.
Ela é um ponto de luz
na foto escura do planeta,
um retrato de calendário,
o filme na tevê,
e minha palavra contra a tua,
que afirma conhecer a cidade
ter andado pela quinta Avenida,
visto esquilos no Central Park.
(Nova York não existe.
Sua existência é substrato daquilo que concebo,
teias de aranha em cantos que asseio).
No litoral da Bahia
reparo um Baiacu oculto nas pedras
e penso:
“O Baiacu existe!”
Se ele não estivesse na minha frente
não seria o peixe.
Seria uma ideia balão,
uma caricatura,
uma imagem no filme da tevê.
A cidade de Nova York não existe,
presumi que existia,
ludibriado pela luz
da imagem televisiva.
Isto foi antes de ver certa lua cheia,
- brilhava mais do que as luas
dos últimos 60 anos -
e pensar:
“O satélite não se incomoda com Manhattan,
com a Times Square
e ele se garantiu mais ainda
porque eu o descobri.
É outro baiacu luminoso
no oceano do universo"
Nova York não tem coberturas
não testemunho luzes, mas faíscas.
Deve sobrenadar aqui uma nervura,
que se esconde depois
atrás de pedras vaidosas.
Deve surgir ali estátuas bizarras,
onde nada se parece com ruas
e se há transeuntes,
eles saem de um metrô
de estações aparentes.
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