O Velho Lago (T471)
Estava em frente ao velho lago onde costumava nadar naquelas águas tão límpidas, e sem exagero ali podíamos beber a água diretamente sem problemas, no final da tarde sentava-me perto de uma árvore frondosa onde costumava ficar refletindo sobre as coisas inesquecíveis deste mundo, pegava uma pedra e atirava para que se formassem anéis nas águas, meu vô sempre dizia que estes anéis eram anéis da vida, para cada um que se formasse tínhamos dez anos na nossa vida, para mim meu avô era um super filósofo.
Quantas coisas tinham mudado ali após minha partida, o velho lago agora cheirava mal e tinha a coloração da morte, às suas margens havia se levantado uma fábrica, disseram que tinham sacrificado o rio em nome do progresso e das promessas de emprego. Meu avô foi o único que tentou impedir, sem êxito, e acabou morrendo de desgosto, me lembro de sua tristeza, era comovente, chegara a dizer que iria embora logo, os anéis da vida no lago tinham dado a ele 70 anos de vida, quando completava 72 ia embora deixando-me na mais profunda tristeza e sentimento de vazio, era um grande homem.
Agora voltava àquela cidade que tantas lembranças boas me trazia de minha infância, para cumprir ordens de fechamento da empresa, agora cumpria o que havia prometido a meu vô e mais tarde à cidade que acabou vendo que meu vô tinha razão, aquela fábrica só traria prejuízos para a cidade, foi uma batalha árdua, mas enfim consegui satisfazer o desejo de meu grande mentor, devolver a paz à natureza que tanto me deu na minha infância.
Alexandre Brussolo (23/10/2009)