OUTRO POENTE
A vida vem para juntar.
O tempo porém corta as emendas.
Se vemos marinheiros
e suas ombreiras azuis,
elas são marcas da encenação geral,
mas nos portos
há uma guerra entre os segundos,
e sobre o mar
nenhum metal vence a força naval
do ocorrido há pouco.
A vida chega para reunir,
mas o tempo dilacera.
Se gaivotas pousam nas pedras
é o ensaio de tudo,
embora os instantes
engulam os peixes
e um baque sobrenade o horizonte
sem o reflexo das escamas.
A vida está aqui,
mas o tempo divide é certo.
Se vemos um coqueiral
exposto na praia,
isto é o aceno de nossa passagem
ainda assim prevalece
o maior areal das horas
como remate contínuo
do que eram pérolas.
Viver para assistir
a sombra de um eclipse,
o cone
e o estilhaçar contínuo
do vidro futuro.