O IPÊ ROXO
Rio, 13/02/2009.
Foi um forte vendaval que o tombou
E o vi deitado, ainda vivo, sobre Betel.
Do seu lenho verde tanta gente tomou
O ipê roxo que contrastava com o céu.
E cortado em pedaços sem qualquer dó,
Levado sobre rodas ao seu destino final,
Foi vazado em lixão e deixado tão só...
Meus olhos marejaram um gosto de sal.
Sua raiz ficou ali quase que adormecida
E em certa manhã, ao cheiro das águas,
Rebentos surgiram festejando a vida.
Não me querem mais, sinto o destruir!
Também quero viver, não tenho mágoas!
Deixem-me, pelo menos, até meu florir...
SEDNAN MOURA