Efuturo: A TELA VAZIA

A TELA VAZIA

A tela vazia...
No cavalete empoeirado
O tempo...
O tempo é passado
Em um pincel ressecado.
Na parede...
Dependurada no prego
Esta a saudades
Do cheiro da tinta
Da artista que pinta
Da artista que pintou
O céu o mar
O luar...
Pintou o cavalo, o cão
Pintou o São Jorge
Pintou o dragão
Pintou a bailarina
Pintou o bailado
Pintou na paisagem
A ponte o cerrado.
Pintou o presente
pintou o passado
Pintou a vida, a morte
Pintou o azar, a sorte.
Pintou com inspiração
Pintou a tela de rosa
Pintou a emoção.
E na sua última pincelada
Pintou a mágoa, a decepção
Pintou um caixão.
Pintou a estrela
Que um dia brilhou
Então...
Então a artista assinou.
E a tela vazia...
No cavalete empoeirado
ficou presa...
Presa no passado
No atelier fechado
Junto...
Um avental sujo, amassado.




Publicado no site: 16/09/2009