PEDRA, AREIA E TESTOSTERONA
A cidade cresceu,
O prepúcio ainda é enorme.
Daqui enxergo a fimose do trânsito.
A cidade estirou-se,
músculo da perna.
e expôs suas marcas,
suor nas reentrâncias das pontes,
cheiro de ranço no fim da tarde.
A cidade alastrou-se,
câncer de próstata,
inacessível,
o exame nem soube que a uretra,
era um túnel metroviário.
Ah, outrora havia volumes e maciez de jardins,
rosas desabrochavam,
ruas estreitavam-se,
beijava as bocas de lobo, dos bêbados.
Um dia certa garça pousou no lodaçal
era a cidade que se masculinizava,
medrava,
tornara-se venta de homem.
A cidade espalhou-se,
(os machos são muito espaçosos)
carrega sua poluição de dia,
e ejacula enorme polução à noite,
fumaça solta através dos obeliscos.
A cidade não é mais uma cidade,
é tumulto, sítio urbano,
ajuntamento de pelos grosseiros, não obstante
viris,
encravados em um tórax municipal.
É difícil encontrar
no centro de São Paulo,
um muro com a gravura
de um coração de mãe flechado.