QUE MERA
Rio, 27/02/2006.
Na quimera
A rua cratera
A ferida fera
No ponto espera
Sem a primavera
Parte da esfera
Que faz a era
Que aqui mera
Importância alguma.
No espaço grande lacuna
Sem coisa nenhuma,
Mas que uma a uma
Com outros olhos se vê
Ou se busca um quê
Ou se tem um porquê
E se vive a mercê
Dos falastrões polidos
Que enchem nossos ouvidos
E são todos paridos
E sentem-se ofendidos
Se os chamam de ladrões.
E lembro-me dos anões
E do envio de montões
Daquele metal vil.
Quem não ouviu?
E da lei se tirou o til
E muitas brechas pariu
E fez das mentiras fogaças
E até se fizeram muitas graças
E escondidas trapaças
Que faz ter vergonha
Porque o povo sonha
Sem travesseiro e fronha
E zangado ronha
E é iludido
Com paliativo
Do atrevido
E todo vivido,
Em tramas
E nas lamas
Há plano alto.
E se eu falto
Tenho cortado o dia
Sinto amarela azia
E verde a fome me fazia
Por ter a barriga vazia.
Não somos brasileiros?
Não somos plantas deste chão?
Só se valoriza paroleiros
Que não amam esta Nação!...
SEDNAN MOURA