Efuturo: SILÊNCIO

SILÊNCIO

Era uma tarde sem sol e sem mar.
O silêncio queria falar palavras duras.
O silêncio queria dizer coisas de luar.
O infinito, mostrar algumas miniaturas...

Eu, apenas que ninguém dissesse nada,
Nem sobre nada que eu pudesse ouvir
Enquanto o olhar mostrava uma estrada
E a inércia a deter o meu seguir...

Longa demais ainda que fosse tão curta.
E o tempo ,depressa, travados os ponteiros.
Descompassado demais o coração que surta.
Rápido demais os cavalos dos romeiros...

Eu queria apenas sentar-me na calçada,
A ver a nuvem que se desfragmenta
E nesse momento não dizer nada
Nem ao sol poente que se ausenta...

Nessa tarde triste e sem mar,
Nesse dia triste e sem o ar verde da mata,
Nem o brilho cristalino de um orvalhar,
Não. Nem o barulho ao longe de uma cascata.