CULTO
A lua
flutua nua
na noite
negra.
Quando
ela chega,
a porta
se abre,
a porta
se fecha.
O zíper
não fecha
só abre,
e o vestido
escorrega
descendo
pelas coxas,
se esparramando
pelo chão,
depois a calcinha.
Cheiros,
sabores,
cios,
a canção
dos sussurros,
os estribilhos
e refrãos
das cavalgadas,
corpos se atiçando
dançando no escuro.
A sedução
que não se mede
quase ofício,
quase devoção,
a madrugada
é o culto.