SOU ESPELHO
Rio, 16/10/2007.
Estava quase sempre ofendido,
Pois por muito tempo fui ouvido
E nunca quis ser falante boca,
Mas olhos de ver bem que tinha.
Ouvia vozes: fina, grossa e rouca,
E feriam a alma no fundo, a minha;
Que faziam sangrar meu coração.
Palavras com espadas nuas na mão!
Estou cansado deste contínuo sofrer,
Fiquei surdo pra certas coisas ouvir.
Não posso da minha vida fugir!
Agora sou um espelho por querer,
As ofensas eu não ouço, bem sei,
Só reflito imagens, da dor descansei.
SEDNAN MOURA