Efuturo: DEPOIS DE FLORIR A PRIMAVERA

DEPOIS DE FLORIR A PRIMAVERA

Entre uma calçada e outra numa tarde qualquer, de uma estação qualquer, sem qualquer pretensão.
Um olhar ao horizonte apenas por admirar a beleza que acontece ao alcance de um olhar que admira coisas belas.
Um sorriso que ninguém desvenda mais que uma felicidade que não deixa transparecer a verdadeira explicação.
A emoção do tempo que se eterniza em algo que queremos mas não podemos mais que uma simples lembrança na mesa da sala ou em um quadro na parede.
Uma saudade que insiste em sobreviver depois que se disse adeus acreditando que podia partir sem nenhum problema.
A flor que ficou em muitas dos jardins da vida quando temos que seguir em frente e o olhar para trás é tão luminoso quanto uma lágrima que brota dos olhos e as pálpebras disfarçam no sorriso de uma lembrança que não tem nada a ver.
Saber que lá estão as ondas do mar a ir e vir e que apenas resta a certeza da areia que fica a cada passar de hora com novas revelações a preencher o coração que grita enquanto a lua se afunda na distância prateada de uma nuvem que aparece sem ninguém esperar.
E em um momento querer apenas estar nu na madrugada de um caminho que leva ao mais lindo de todos os lugares a deixar para trás um pedaço que ri e que se desespera para se integrar a um infinito que prevalece além de um tempo que se separa no doce néctar de uma emoção que parecia não ter fim.
E não ter nenhum segredo em um enredo sem arestas e independente de festas ser apenas o que há de ser assim como é a folha do ipê que embeleza a árvore e depois se vai para regressar depois de florir a primavera.