Um paraíso
Se me contas onde fica para lá eu vou depressa
Paraíso... será lugar distante, mesmo que seja
Para lá correrei com toda velocidade e pressa
Porque desejo paz e descanso, onde quer que esteja
Sou coração cansado, dizimado pela traição
Perdido na penumbra de noites escuras
Sou paixão desmedida na carne tão sofrida desde então
Quando conheci musa bamboleante em vestes impuras
E por corpo lasso abandonei minha perambulação
Para me deixar acolher neste paraíso esquecido
Rincão tão longínquo e isolado, terra de redenção
E num sítio pequeno quero me sentir um tanto perdido
Pela sociedade e suas convenções, rigores e imposições
Quero me assemelhar a este povo sereno e querido
Pitar cigarro de palha na varanda, degustar pão de queijo
Contemplar a montanha comendo broa de fubá de milho
Petiscar queijo branco com cafezinho, depois de um doce beijo
Mexerica comer sob sombra no pomar, que doce prazer deste casquilho
Quando noite chegar, após banho tomar, sentir o ardor
Da madeira queimando no fogão a lenha
Para logo depois do jantar a musa encarar com calor
Piscando meu olhar carinhoso, como se fosse uma senha
Chamando-a para aninhar-se em meus braços de trabalhador
E por ali na cama rústica ficarmos a contemplar as estrelas
Por um desvão da janela, que franqueia a entrada do luar e o despertar do nosso amor
Robert Thomaz