A LUA

Oh! misteriosa Hécate, Deusa das três faces,
Peço-Te que ilumines com a suavidade da Tua prateada luz
O mundo que comandas nas profundezas
Dos subterrâneos da minha alam velha
Que clama por Tua imemorial e materna luz.

Dama das noites a refletir com carinhosa suavidade
A ofuscante luz solar para caridosamente permitir
Que as minhas sombras interiores apareçam
E comigo dialoguem sem o defensivo medo
De serem calcinadas aos certeiros raios de Hélio.

Tu, matriarcal divindade, primitiva senhora, vem desvelar
Os meus sonhos mais guardados, mais escondidos,
Para que eu me lembre da Tua tão esquecida governança
E relembre que a vida vem em ciclos,
Que tudo nasce, cresce, morre e renasce...

Os patriarcas trapacearam-na com as mais falsas histórias,
Transformando-a na Senhora de homens-lobos e de bruxas más,
Quando, na verdade, és a Senhora que comanda todas as marés
Para sempre lembrar-nos que da água toda vida veio
E que da profundeza das águas uterinas todos (re)nascemos.