Efuturo: Embriaguez (T236)

Embriaguez (T236)

Escutava vozes mas não consegui entender as palavras, parecia estar em um sono profundo, estava tudo escuro, meus olhos estavam pesados, agora vinham lembranças em minha mente...
Era um dia ensolarado de final de semana, um domingo lindo e propício para um programa de família, e naquele dia tínhamos um churrasco de aniversário para ir em uma chácara em Mairiporã.
Saímos cedo e eu estava animadíssimo e fazia graças com meu filho de sete anos, minha esposa estava linda em um vestido florido que realçava seu colo e cintura, uma pintura, ela era a razão de minha vida, realmente tudo o que um homem deseja na sua esposa, dedicada, amiga, um alicerce firme da minha vida.
Chegamos umas oito horas na chácara, este meu amigo era uma pessoa muito bem de vida e quando dava uma festa já começava pelo café da manhã, suas festas era para o dia inteiro, e sua satisfação era ver seus amigos se divertindo, então não tinha dó de gastar, talvez por esta atitude recebia muito mais do que merecia, era o que ele sempre dizia.
Logo que chegamos fomos nos enturmando, meu filho como sempre foi brincar e desbravar a região, como gostava de campo, praia, ele adorava a natureza, sua inteligência às vezes me surpreendia, muitas vezes o pegava conversando como se fosse um adulto.
A festa como sempre estava maravilhosa, não cansava de olhar para minha esposa e admirar sua beleza, ela estava radiante e confesso nunca tinha sentido este desejo ardente de ficar contemplando-a, mas ela estava com um ar angelical.
Eu não era muito de beber mas quando eu ia nas festas deste meu amigo eu sempre abusava um pouco, mas neste dia eu tinha ultrapassado minha cota, tinha ido além.
Já estava tarde e tinha já chamado meu filho para irmos embora, minha esposa me perguntara se eu estava bem para dirigir, o que respondi que estava, pois de qualquer forma eu tinha que levar o carro sendo que ela não dirigia.
Saímos e pegamos a estrada, eu realmente não estava bom, mas o homem nunca dá o braço a torcer, ia fazendo mil e uma gracinha, pisava no acelerador aumentando a velocidade, não dava atenção às súplicas de minha esposa para que maneirasse na velocidade, estava fora de mim, sentia-me um verdadeiro piloto, até que numa curva não consegui segurar o carro, só vi uma luz clara e depois a escuridão.
__ Doutor, ele está voltando!
__ Você sofreu um acidente muito grave, estava em coma.
__ E minha esposa e filho?
Um silêncio se fez e os olhos do médico o denunciaram.


Alexandre Brussolo (26/04/2009)