O SILÊNCIO
Quando ele chega
você se assusta,
e antes mesmo
de perguntar quem é,
ou dele se apresentar,
começa um monólogo
de interrogações,
todas apavorantes.
Será
o bicho-papão?
Um fantasma?
Uma alma penada?
Às vezes,
ele chega
com o vento,
com a chuva,
no balançar
da rede,
no bailado
dos pirilampos,
no faiscar
das estrelas,
no apagar
das luzes.
Muitos
passarão pela vida
sempre assustados,
sem conhecê-lo,
porque jamais
aprenderão a linguagem
para dialogar
com o silêncio.
O silêncio
desconhece monólogos.