Tempestade (T08)
A grande torrente de água
cai levando tudo que há na frente
sem piedade, sem dó e sem ouvir os gritos
desesperados que ecoam pelo infinito
turbilhão de água e cujos relâmpagos abafam.
As ondas batem no casco de um navio
com tamanha violência que nem sendo
transatlântico tem forças
para aguentar os golpes em sequência
e acaba por tombar.
Não há sobreviventes, o que flutua agora
são só destroços de um colossal navio
que leva seus passageiros para o enterro
em um cemitério ali inaugurado.
As ondas batem no rochedo que demonstra
aguentar sem reclamar dos golpes que
acabara de derrubar o colosso das águas.
Mar e terra parecem ter se unidos
para castigar aqueles que nunca lhe deram atenção.
Durou pouco mas é como se durasse séculos
aquela gama destruidora que desabou do céu
com torrencial violência que mais parecia
o tão anunciado final apocalíptico.
Do jeito que apareceu se foi
deixando atrás de si a marca da destruição
sem jamais olhar para trás.
A única coisa a fazer é recomeçar tudo
para que um dia mais tarde ela volte
sem ser convidada e sem ser anunciada.
Alexandre Brussolo (02/08/1990)