Não sei bem como tudo aconteceu, só sei que o pior acontece em momentos de alucinações, e do jeito que estes momentos vêm eles vão, e aí é tarde para voltarmos atrás.
Estava em casa numa tarde tranquila, e por sinal muito bonita.
Encontrava-me sozinho na casa de meus pais, pois eles haviam viajado para visitar meu irmão, quem eu nunca achava que iria casar, em Campinas.
Estava envolvido pelos pensamentos, apesar do dia lindo, nada do que pensava era digno de beleza. Algo muito ruim se passava em minha mente. E seria à noite, bem rápido, não sentiria dor nenhuma, não teria tempo nem para falar suas últimas palavras. Seria hoje ou nunca mais, que drama meu Deus.
Fui pegar minha namorada, hoje seria uma noite inesquecível, sozinho, a noite, a situação, tudo seria perfeito.
Levei-a para casa, jantamos em casa mesmo, a noite estava maravilhosa, e ela ria das minhas graças, estava graciosa, nunca a tinha visto tão bela, tão espirituosa, tão sensual.
Tu és bela como as deusas do Olimpo, beleza permitida por Zeus.
Finalmente o convite e fomos para o ato sublime do amor, onde um corpo toca outro, e as almas compartilham-se simultaneamente. Estava fora de mim, fiz amor como nunca tinha feito, e ela sabia, eu estava diferente, numa explosão e o orgasmo do prazer acontece, seria agora, coloquei a mão embaixo do travesseiro e segurei sua cabeça, e enfiei contra seu corpo um canivete, dor mistura-se ao prazer e o sangue no lençol.
O que fiz meu Deus, não pode ser, olhava e não acreditava, lá estava , o corpo totalmente desamparado da alma. Não podia ser, e no estado de minha loucura atirei-me pela sacada.
Meus olhos começavam a se abrir, não sabia quanto tempo estava ali, informaram-me que estive em coma três dias. Vi meus pais, seus olhares condenavam-me, estavam tristes , tentei perguntar pela minha namorada, não consegui.
Um mês depois saía do hospital para outro, era um reformatório já que foi constatado que precisava de tratamento psicológico.
Realmente o que fiz foi horrível, pago pela sociedade e pago pelo meu arrependimentotardio e pelo meu momento de insanidade.


Alexandre Brussolo (28/07/1995)