Era questão de tempo, e a única coisa que não queria era vê-la sair pela porta e nunca mais voltar. Sim, ele ainda a amava como da primeira vez que a viu.
Não sabia em que ponto tudo se perdera, analisara tudo, ponderara o máximo que pôde, mas nada lhe dava a medida certa para o que estava acontecendo.
Só via crescer nela o desinteresse por tudo, pelo sexo, pela sua família, nunca fazia os programas que planejava, mas ele, pelo contrário, fazia todas as suas vontades. Não conseguia achar uma explicação que lhe consolasse.
Pobre Henrique, a dor da perda era insuportável, o que mais queria era que esta situação fosse um sonho, pois o amor que dedicara a Cássia tinha sido em vão, e não queria culpar ninguém, pensava que se ela nutria um amor verdadeiro por ele ela não estaria indo embora.
Lá fora uma buzina, Cássia sai do quarto com as malas, dá mais uma olhada em tudo, abre a porta e a fecha deixando sem culpa o passado para trás, a única coisa que Henrique consegue é deixar uma única lágrima cair de seus olhos.


Alexandre Brussolo (10/04/2009)