Efuturo: SOMOS UM PÉSSIMO PADRÃO

SOMOS UM PÉSSIMO PADRÃO

Para desvendar os mistérios do Universo, a ciência tem enxergado cada vez mais longe. Talvez, o correto fosse dizer que o olhar da ciência vê cada vez mais o passado. Parece que estamos muito próximos de espiar o terreiro do Big Bang.

Na última semana de abril, astrônomos detectaram uma colisão cósmica entre catorze galáxias. O que isto tem de extraordinário? A colisão aconteceu 12 bilhões de anos-luz de nós. Ou seja, quando o Universo ainda era um bebê engatinhando e tinha apenas 1,4 bilhão de anos. Se você acredita que a Terra é plana e só tem seis mil anos pare de ler.

Com essa colisão várias teorias sobre o Universo serão revistas. A ciência cria teorias que podem se tornar certezas baseadas em padrões. E pelos padrões criados, uma colisão colossal de galáxias não poderia ter ocorrido tão pouco tempo após o Big Bang. Então será preciso descobrir que tipo de arte o bebê engatinhando estava fazendo.

Agora que já pincelamos os padrões pelo terreiro do Big Bang, vamos trazer os mesmos padrões para mais próximo do nosso quintal. As teorias que explicam nossa existência também obedecem a padrões. Criar e abandonar padrões é a regra de ouro de todo o nosso conhecimento. A crença foge desse discernimento como o diabo foge da cruz.

Quando os primeiros exoplanetas foram descobertos, o padrão procurado foi algo semelhante ao nosso Sistema Solar. A existência de uma zona habitável. Logo descobriu-se que os outros sistemas solares encontrados diferem totalmente do nosso.

Na procura por vida lá fora, baseado em nosso padrão evolutivo a busca é para encontrar exoplanetas com água em estado líquido. De preferência com imensos mares, e que eles sejam da cor azul. O Universo perderia todo o fascínio da sua complexidade, se a vida dependesse unicamente da água.

Finalmente chegamos ao padrão de civilização. Por enquanto, a nossa é a única que conhecemos. Você pode discordar, mas uma raça que se autoproclama inteligente, e criação divina é um péssimo padrão para o Universo.

Desde que a faísca do pensar se acendeu em nós nunca paramos de construir armas. Nunca deixamos de matar. Pela dominação aniquilamos nossos semelhantes. Criamos fronteiras. Falamos línguas diferentes. Temos dezenas de crenças diferentes. Não somos capazes de curar nossas doenças, mas temos capacidade e inteligência para criá-las.

Construímos pirâmides sociais e erguemos altares pela ganância, riquezas e crenças. Estamos destruindo nosso planeta. A miragem da tecnologia escondeu nossa maior fraqueza. Somos uma raça frágil. Creio na possibilidade de ver o Big Bang sendo parido, e na impossibilidade de impedir nossa própria extinção. Torço para que não sejamos o padrão de civilização do Universo. Uma vergonha para as estrelas.